quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Amélia Estrela

23/03/13

E uma estrela se materializou em forma de mulher.

E foi estrela porque brilhou com luz própria, estratificando sabedoria profunda de um brilho natural e incomum, com energia imensurável. Se energia é pra possibilitar feitos, houve, mais que isso, energia suficiente pra ser dissipada, sabiamente. Combinando energia disponível com um coração de quem sabe doar, uma história foi feita para quem estivesse ao redor: pessoas lhes eram caras, filhos lhes eram sagrados, família foi o sentido de existir...
Estrela que fez seu legado com brilho. Sabedoria crescente pra ensinar e servir.

E se a vida ensina em cada ato, havia mais do que a lição, a possibilidade de justificar e compreender e aceitar os fatos. E a estrela se desvestiu muitas vezes de julgamentos e valores pra acolher aprendizes porque enxergava amplamente. E se não houve livros, ficou compreendido que sabedoria tem muito maior amplitude que conhecimento porque o importante era saber ser luz. Luz, por si só, foi para quem te rodeasse porque não se guarda a luz, quando a alma permite, incansavelmente, ensinar. Ensinar pelas palavras que direcionam, orientar através do calor de um colo que acolhe, proteger pelo simples fatos de existir pra quem se ama.

E uma estrela dignificou a sabedoria consolidada em forma de mulher guerreira, transformadora, imponentemente presente.

Quando os temperos se misturavam com o brilho, os aromas e sabores eram cheios de amor e de história construída na lida, de dedicação pra fazer o necessário, entretanto, oferecendo o melhor. Se não havia dispensáveis receitas, o amor também se materializou na mulher que convertia os tachos à alquimia, num papel de estrela maior. Porque transformar misturas trazia o prazer de servir, a alegria de agradar, a missão de fazer diferença e brilhar...

Porque ela era estrela em forma de mulher e estrela foi pra brilhar.

E era polilingue porque a sabedoria maior está em falar bem a língua de quem nos ouve e fazer com que se concretize na necessidade do outro, a importância de haver alguém necessário ali, por perto. E o brilho da estrela vinha com as palavras que eram pra ser ouvidas, com o recado que devia ser degustado, pra vida fluir melhor... e se o entendimento não fosse temporalmente compatível, era possível perceber que estrelas maiores são dotadas de paciência e, sobretudo resiliência...

Porque ela foi estrela, resilientemente, brilhante que dissipou sabedoria.

Quando o entorno julgava fatos e discutia pessoas, racionalmente, num cotidiano comum a olhos nus, havia sempre soberania de estrela naquela mulher. E ela julgava sim e analisava com afinco e gerenciava o cenário. Roubar a cena era fazer a diferença e guiar a tropa porque era necessidade iminente... Mas, na estrela, havia cumplicidade e um senso de justiça incomum que remexeria a história de inúmeros acadêmicos de direito. E era possível ver uma argumentação bem ponderada arrebatar personalidades fortes ou fazer brilhar os olhos de corações sensíveis, na sutileza de palavras ditas para tal.

E foi uma estrela em muitas vidas que seguem trilhando caminhos e brilhando por reflexo da estrela maior... Constelação deixada com cara de missão cumprida porque a estrela não se foi, só mudou de cenário...

Como estrela, também dignificou conceitos de dicionário... Se o termo madrinha tem derivação, por extensão de sentido, em “mulher que ajuda ou protege uma pessoa, especialmente no sentido de introduzi-la em certos meios”, a estrela não foi avó, foi dindinha... Porque dindinha brilha com a alma e se converte de forma, atemporal, ao amor por quem chega pra se “achegar” no brilho e calor de estrela...

E a estrela foi dindinha-estrela, conduzindo e protegendo, por muito amor.

Por tudo isso, uma estrela se materializou em forma de mulher. E houve então uma estrela mulher, Amélia-estrela, estrela-Amélia em forma de mamãe Amélia, de tia Amélia, incomparavelmente, Dindinha Amélia... Que dignificou uma existência e abrilhantou tantas outras que hoje seguem sob sua luz.

Porque luz de Amélia é luz que fica!!!

- Cacilda Drumond -

Nenhum comentário:

Postar um comentário