Não gosto de dever palavras. Nem a mim mesma e, sobretudo, a
quem mereça ouvi-las, vê-las, senti-las, degustá-las...
Quando alguém deixa de dizer algumas palavras, fica um vácuo
no universo... a gente fica devendo...
Que fique claro que eu me refiro às palavras boas, aquelas
que fazem o reconhecimento do bem do outro, que fazem um recado de amor chegar
ao seu dono, ao provedor daquele sentimento bom.
Um conselho? Não guardemos boas palavras. Transformemo-as em
textos, cartões, posts, beijos, abraços e carinhos que falem a quem deva
ouvir...
Minhas palavras de débito poderiam ter vindo no dia dos
pais. Acho que deveriam, mas, por isso estão aqui. Motivo nobre. Valem para
qualquer dia de quaisquer pais...
Por que? Porque quando penso em mim em qualquer momento de
autoanálise eu vejo você, papai... vejo cada quadro de uma vida inteira, vejo a
gente passeando de Rural, me vejo aprendendo a andar de CG ou dirigindo uma C10
cheinha de madeira numa subida que não me suportaria nem de Ferrari... mas, me
suportou porque você tava ali do meu ladinho, ditando a velha máxima de que
“quem tem boca, vai à Roma”... e quando eu me vejo engolindo livros de qualquer
espécie ou ansiosa por um jornal fechado esperando pelos meus olhos, eu vejo
você. E quando eu reviso meu currículo, sempre sinto vontade de fazer um breve
relato de todo o significado que cada fala sua teve na minha formação... Papai,
esse parágrafo desbancaria meu mestrado, minhas especializações e,
principalmente, meu curso de engenharia; você
bem sabe o quanto é mais engenheiro da vida que eu e o quanto me orgulho
disso!
E o que mais me faz feliz mesmo, em meio a tantas coisas que
poderiam encher um livro de nós dois, é o fato de te falar isso com o maior
amor do mundo hoje. Te dizer o quanto é imensa e absoluta em meu coração a
certeza de que você fez por mim muito mais do que poderia. Desde a fotografia
que você aprendeu pra me registrar e despertar em mim um vício de sempre, das
trovas que me trouxeram o gosto pelas palavras, os presentes lindos de
antiguidades que só você poderia garimpar pra mim e tantos outros sonhos
pequenos e grandes que você viabilizou pela minha vida... Sem contar aquela frase inesquecível que você
disse num dia de muita dor pra mim, olhando nos meus olhos... você disse: “o
que você quer que eu faça? Como você quer tudo?” Talvez só você tenha sentido
que naquela hora que o vovô mudou de “ares”, tudo o que eu precisava era que
alguém me dissesse que estava ali e que eu não tinha ficado sozinha por ter
perdido um grande amor de vida inteira... E eu não fiquei sozinha, apenas
fiquei com a saudade. Tudo isso é sentido em cada minuto que eu respiro e sou
muito grata a Deus por ter me trazido pra você.
Mais do que isso, sou
muito feliz por tido tempo suficiente pra entender todas as coisas e a não
julgar nada que venha de você por te enxergar como alguém que só quer o meu
bem, sempre!!!
Não gosto de dever palavras.
E você merece as minhas melhores palavras, atitudes,
reconhecimento.
Você merece de nós, todo o reconhecimento por ter feito com
que sentíssemos proteção, amor e presença incontestável, sempre, nos piores e
melhores momentos das nossas vidas.
Parabéns, papai, porque todo dia é dia dos pais pra nós!!!
Te amo!!!
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